O salão principal ecoava com o tilintar de talheres e o suave sussurrar dos convidados enquanto o grande relógio de parede marcava as oito badaladas da noite. As velas nos castiçais de prata lançavam reflexos dourados na madeira polida do piso, e os olhos atentos se voltavam para a porta, aguardando que o patriarca Fabrizio Farella anunciasse a hora de sentar à mesa. Os longos e elegantes móveis em estilo Luís XV contrastavam com as tapeçarias centenárias que contavam histórias de antepassados poderosos, e, ali no centro, um majestoso piano de cauda preta atraía todos os olhares.
Fabrizio ergueu o queixo, ajeitou o lenço de seda no bolso do paletó e pronunciou com voz clara:
— Antes de jantarmos, quero convidar a nossa convidada de honra, Madame Isabelle, a nos brindar com sua arte ao piano.
O convite caiu como uma onda suave pelo salão. Um silêncio respeitoso instalou-se. Isabelle, sentada a poucos metros, corou levemente, os lábios apertados num sorriso contido. Os dedos inquietos p