Raul. O homem que eu amo.
Ainda naquela noite
Hospital Central – Sala de Espera
Raul
A luz fria dos corredores contrasta com a escuridão da madrugada. O saguão está quase vazio, exceto por uma enfermeira solitária atrás do balcão e uma senhora idosa cochilando em uma das poltronas.
Estou de pé, encostado na parede há mais de uma hora. Anna permanece sentada, encolhida no canto do sofá, as mãos entrelaçadas no colo, os olhos fixos em algum ponto invisível. A cabeça pende levemente para frente. Está exausta, mas não dorme. O corpo dela está presente, mas a mente permanece dentro da ala de internação, ao lado do pai.
Me aproximo em silêncio.
— Você precisa descansar um pouco — digo, com a voz baixa. — Toma um pouco d’água. Vai te ajudar a respirar melhor.
Entrego o copo que peguei no bebedouro. Ela aceita. Os dedos dela tocam os meus por um instante. Um gesto pequeno, mas significativo. E ambos sentimos.
— Obrigada — sussurra, sem desviar o olhar.
Sento-me ao lado, respeitando o espaço entre nós. Dou tempo. Mas e