Presente. Constante. Como uma âncora.
Dia seguinte....
Raul
O carro desliza pela avenida silenciosa. Anna olha pela janela, calada. As luzes da cidade refletem no rosto dela, revelando a palidez do cansaço. Mas há também uma paz estranha. Como se a dor ainda estivesse ali, mas menos afiada. Mais resignada.
Quando chegamos em frente ao hospital, desligo o motor. Faço menção de sair do carro, mas ela segura meu braço com delicadeza.
— Espera só um segundo... — diz, num fio de voz.
Assinto e fico.
Ela fecha os olhos. Respira fundo. As mãos trêmulas repousam no colo, entrelaçadas com força.
— Eu sonhei com ele essa noite — murmura. — Ele estava sorrindo... me chamava de pequena, como fazia quando eu era criança. Depois... me dizia que estava cansado, mas que eu ia ficar bem.
Não digo nada. O silêncio me parece mais respeitoso que qualquer palavra.
— Você vai ficar bem-digo, enfim, com firmeza. Mesmo sem saber se ela acredita. Mesmo sem saber se eu acredito.
Ela solta o cinto devagar e assente com um gesto breve.
— Vamos?
— Va