Série Caminhos do Amor apresenta Isabela Saladino, uma intérprete fluente em árabe que trabalha para o Sheik Youssef. Ela se envolve com Zein, o filho mais novo do Sheik, e descobre estar grávida após sua morte. No funeral nos Emirados, Isabela é aprisionada no palácio, onde descobre o plano do Sheik de tomar seu filho após o nascimento. Sem conseguir escapar, ela enfrenta o controle do filho mais velho, Raed, que propõe um casamento inesperado para resolver a situação. Outro resumo: O enredo gira em torno de Isabela, que, após a morte de Zein, viaja para os Emirados Árabes para o funeral. Lá, ela se encontra presa em uma teia de costumes e convenções familiares que ameaçam sua liberdade e o direito de criar seu filho. A história mantém o leitor intrigado, especialmente com as ações inesperadas de Raed, que quebra sua postura rígida em momentos chave. Além disso, o próprio crescimento de Isabela como personagem traz reviravoltas emocionantes. No geral, a história atrai ao misturar a intensidade de um drama familiar com um romance proibido e complexo, enquanto revela os desafios e belezas de um mundo culturalmente rico. É uma jornada de descoberta, tanto para os personagens quanto para o leitor. Livro 1- Cativa do Sheik Livro 2- Cativa do Duque
Ler maisPrólogo
Trabalhar para a realeza já é, por si só, uma tarefa árdua. Agora, trabalhar para uma realeza árabe? Multiplique isso por dez. Desde o início, tive que assumir uma postura séria, controlar sorrisos e me adaptar às rígidas regras de conduta. Meu chefe é um Sheik, e estou neste emprego há apenas seis meses.
Na cultura ocidental, a palavra "sheik" remete a status social, riqueza, fama e poder. Mas essa visão é apenas a ponta do iceberg. Ser Sheik é ocupar uma posição de respeito e destaque, algo muito mais profundo.
O título é reservado aos chefes de famílias árabes, clãs ou tribos, geralmente seguidores fervorosos de Maomé. Em sua essência, o título de Sheik é passado de pai para filho em sociedades patriarcais. No caso de Youssef, ele é líder de uma aldeia árabe. Forte, generoso, devoto em ajudar os pobres – mas, também, incrivelmente machista. Isso explica meu atual guarda-roupa: roupas sóbrias, tons escuros, coberturas completas.
Tenho 22 anos e fui contratada como intérprete pessoal do Sheik. Meu domínio do árabe vem das minhas raízes; sou meio-árabe. Meus avós paternos eram dos Emirados Árabes, e minha família nunca permitiu que a língua se perdesse, mesmo quando meu pai se casou com minha mãe, uma inglesa.
Cresci cercada pelo idioma e pela cultura, mas a tragédia mudou o curso da minha vida. Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha 15 anos, e fui morar com minha tia materna, uma mulher excêntrica e apaixonada por rock, Rolling Stones, Nirvana e Guns N' Roses. Ela me transformou rapidamente, me libertando das tradições com risos, festas e uma mente aberta.
Passei seis anos sob sua influência até conquistar minha independência, mudando-me para um apartamento simples na periferia de Londres. Minha vida parecia seguir tranquilamente até o momento em que conheci Zein, o filho do Sheik Youssef.
Ele era um homem alto, moreno, de olhos negros hipnotizantes – a personificação da perdição. Nos encontramos pela primeira vez em uma festa na embaixada dos Emirados Árabes, um evento repleto de luxo e ostentação. Apesar da grandiosidade ao meu redor, eu me sentia deslocada, pequena em meio a tanta opulência.
Foi então que nossos olhares se cruzaram. O choque entre nós foi tão intenso que senti um frio percorrer minha espinha. Parecia que seus olhos me tocavam, decifravam minha alma. Eu deveria ter lembrado os conselhos da minha mãe: homens como meu pai valorizam o mistério e detestam facilidade. Mas, naquela noite, eu já havia bebido o suficiente para deixar a razão de lado.
Zein se aproximou de mim, e a química foi imediata. Descobri que ele tinha a minha idade, estava concluindo seus estudos e enfrentava a pressão do pai para assumir parte dos negócios da família. Ele também mencionou seu irmão mais velho, Raed, um homem de 30 anos, sério e reservado, cuja recusa em casar era uma constante frustração para o pai.
Nos dias que se seguiram, Zein me conquistou com sua leveza e charme. Senti que estava vivendo um conto de fadas. Cada encontro era mágico, e sua companhia, viciante. Quando faltava uma semana para ele voltar aos Emirados, preparei um jantar em meu apartamento. Dançamos ao som de "Home", de Michael Bublé, e foi nesse momento que cometi o erro de ceder ao desejo.
Minha primeira vez foi uma mistura de expectativa e dor, algo belo, mas sem a plenitude que eu esperava. Zein partiu no dia seguinte sem se despedir. Descobri sua partida de forma impessoal, em uma conversa de trabalho. Meu coração despedaçou-se ao saber que ele havia partido sem sequer me procurar.
Algum tempo depois, ele me ligou, prometendo que, ao concluir a faculdade, ficaria comigo. Por mais que isso aliviasse minha mágoa, a ausência dele se prolongava. Os meses passaram, e Zein não voltou. Foi então que minha vida virou de cabeça para baixo: descobri que estava grávida.
O que antes era um conto de fadas tornou-se um pesadelo. E essa é a história que quero que vocês conheçam...
Isabela Saladino
— O que eu estou fazendo aqui, ainda? — murmurando pela milésima vez, a pergunta ecoa em minha mente, como um mantra que não me abandona.
Vim para o enterro. Isso já faz três dias. Três longos dias que parecem não ter fim. A cada minuto, minha angústia cresce como um nó apertado em minha garganta. O que eles pretendem comigo?
Allah! Este pesadelo não dá trégua. Sinto a culpa corroer minhas forças, uma sombra densa que me envolve. Se eu tivesse esperado... Se tivesse contado a ele sobre a gravidez antes... talvez ele não tivesse vindo para a Inglaterra. Talvez o acidente nunca tivesse acontecido.
A atmosfera do palácio só piora minha dor. O silêncio frio das paredes parece refletir o julgamento que sinto a cada olhar desviado, a cada palavra que não é dita. O Sheik sequer consegue olhar para mim, e embora isso devesse importar, é o menor dos meus problemas agora.
Sou uma mulher desempregada, uma estranha numa terra que deveria ser parcialmente minha. Minha origem meio-árabe sempre foi algo de que me orgulhei, mas agora... agora sou vista como uma intrusa, uma vergonha. Sei como a nossa cultura enxerga deslizes como o meu. Eles não veem minha dor, só enxergam o escândalo. Aos olhos deles, sou uma mulher vulgar, talvez até uma golpista.
Lembro-me do enterro, aquele dia abafado e pesado. O Sheik estava como uma estátua de granito, seu semblante duro, intransponível. Ao lado dele, Raed permanecia imóvel, calado, usando um terno impecável e óculos de sol que brilhavam como se feitos de ouro. Ele não dizia nada, mas sua postura carregava uma autoridade esmagadora.
Eu fiquei separada, colocada de lado, como se meu luto fosse ilegítimo. Parentes do Zein me encaravam com olhos de aço, acusando-me silenciosamente. Caça-dotes. Culpada pela morte dele. Eu conseguia ouvir o julgamento, mesmo que ninguém ousasse verbalizá-lo.
Mas será que eles não veem? Será que não percebem que eu já carrego uma culpa que poderia afundar qualquer alma?
Minha mente não para. Imagino o pior. O Sheik me manterá aqui, nesse lugar onde cada corredor respira controle e tradição. Assim que meu filho nascer, eles o tomarão de mim. As tradições árabes são claras: filhos pertencem à família do pai, especialmente na viuvez ou separação.
Preciso fugir. Sumir. Meu coração lateja ao pensar em minha tia, a única que pode me ajudar. Mas como? Estou presa aqui, com apenas meu passaporte como lembrança de liberdade, e sair sem ser vista parece impossível.
Caminho até a janela e observo o movimento lá fora. Empregadas vão e vêm, varrendo o chão, limpando mesas. O ritmo da rotina delas contrasta com o caos que é minha vida agora. Então, lembro-me de Raed. Daquela conversa que mudou tudo.
Eu estava no escritório, traduzindo um artigo para o Sheik, quando ele entrou. Sua presença dominou o espaço. O terno bem ajustado parecia moldado para destacar seus ombros largos e o físico musculoso. Seu rosto, de uma severidade marcante, parecia esculpido por mãos divinas.
Minha boca ficou seca. Meu coração, traidor, bateu como um tambor acelerado. O olhar que ele lançou em minha direção foi direto, firme, tão intenso que me fez desviar os olhos por instinto. Ele não precisava dizer nada para intimidar; sua mera presença carregava um poder que parecia preencher todo o cômodo.
— Sabāha l-ḫair, Isabela — cumprimentou com um leve aceno de cabeça, sua voz grave e perfeitamente controlada.
— Sabāha l-ḫair — respondi, tentando me manter firme, mas levantando-me de imediato, como se sua autoridade invisível me comandasse. O que ele estava fazendo ali? — Você quer falar com seu pai? Ele não está. Pensei que soubesse, hoje ele...
— Sim, eu sei.
— Sabe? — Minha confusão era evidente, mas ele não parecia se incomodar.
— Vim para conversar com você.
— Comigo? — A pergunta escapou como um sussurro nervoso, enquanto eu engolia em seco.
— Meu irmão me falou sobre vocês.
Passei a mão pelos cabelos, num gesto automático, sentindo um nó de ansiedade se formar em meu estômago.
— Falou?
Ele assentiu, seus olhos permanecendo fixos nos meus.
— Vem. Não quero falar com você aqui.
Ele se virou, já esperando que eu o seguisse. Eu assenti, como se movida por um reflexo, e o acompanhei até uma sala de reuniões ao lado. O ambiente era sóbrio, elegante, com um sofá de couro negro que ele apontou para que eu me sentasse.
— Sente-se.
Sua voz não admitia hesitação. Fiz o que ele pediu, enquanto ele se acomodava à minha frente. A sala parecia menor com ele ali, sua presença engolindo o espaço.
— Você parece ser uma garota inteligente.
O elogio soou estranho, desconfortável, e minhas mãos nervosas alisaram minha saia sem perceber.
— Bem, eu me acho. — Um sorriso tímido ameaçou escapar, mas não chegou a se formar.
— Então irá atentar às minhas palavras. Meu irmão não é homem para você.
Minha respiração se tornou pesada, como se o ar estivesse preso em minha garganta.
— Não sei onde vossa excelência quer chegar.
— Meu irmão está se iludindo em achar que poderá enfrentar meu pai.
Seus olhos queimavam com algo que eu não sabia identificar. Uma mistura de julgamento e preocupação, como se ele tentasse me decifrar. E ali, naquele momento, senti que algo muito maior estava prestes a acontecer.
Ele franze a testa.—Por que foi embora? Insegurança?Eu respiro fundo.—Vi seu pai doente, e eu “o motivo” da discórdia entre vocês. Você infeliz, como se carregasse o mundo nas costas. Então perdi o bebê. Somando-se a isso, eu não tinha certeza de seus sentimentos. Tive medo de que seu passado o estivesse influenciando a ficar comigo.Raed funga e me olha com dureza nos olhos.—Por que se envolveu com Luke?Eu respiro fundo.—Era um acordo comercial. Ele é um homem volúvel e precisava de uma pessoa que estivesse sempre com ele, mas sem compromisso. Tudo isso para passar uma imagem de homem sério. Kate me contratou quando viu que eu era a pessoa ideal, pois eu não o olhava como a maioria das mulheres. Eu era totalmente imune ao charme dele.A feição de Raed não melhora.—Ela me contou. —Ele confessa. Então me olha. —Mas por que você não ficou com sua tia até tudo se resolver?Seus olhos continuam duros.—Minha tia não gosta de companhia. Ela tem suas manias. Adora sua vida independent
Raed funga.—Você era mulher difícil de se conquistar. Eu estava investindo nisso para te pedir em casamento. Sinto-me até frustrado, pois nunca parece ser um bom momento.Eu o abraço.—Eu? Difícil de conquistar?—Sim... —Ele me diz com o semblante triste.—Eu me caso.—O quê?—Raed, não sei como, mas eu te conheço. Eu posso não ter as lembranças, mas eu sei que nunca me sentirei bem com alguém como quando estou com você. Eu não tenho dúvidas que você é um homem maravilhoso. Não quero que esse acidente atrapalhe nossos planos. Eu acredito que eu queria me casar com você, não queria?Vejo, em alguns instantes, o conflito em seu rosto.—Acredito que sim. —Surpreendi-me com seu tom de voz, é como se ele não tivesse certeza. Algo acontecera. Sem sombra de dúvida. — Mas eu acho melhor você se lembrar. Aí sim, voltaremos a ter essa conversa. —Ele diz, parece inseguro ainda.—Bem, você é quem sabe. Se quer que sua mulher passe uma imagem errada...Raed me pega pelos ombros.—Eu te amo. Todos
Não acredito que ele tinha as fotos esse tempo todo com ele e não me mostrou!—Essas são da Itália.Eu sorrio.—Itália?As mãos de Raed parecem tremer e ele me entrega o celular.—Passe os dedos na imagem para avançar.Imagens de nós dois começam surgir. Em castelos, videiras, em oliveiras, paisagens ao fundo. E uma minha sozinha fazendo pose.—São lindas Raed. —Entrego para ele o celular.Kate quer ver também. Raed dá o celular para ela. Ela sorri para nós, seus olhos brilham com as lágrimas. Então ela o entrega para Raed.—Kate te ajudará a se trocar. Vou esperar lá fora.—Está certo.Quando ele saiu eu ri.—Você me parece feliz em ir com ele.—Como não estaria? Raed tem sido um amor. Seus olhos refletem isso. Parece que eu o conheço a vida toda. Estou mais surpresa do que amedrontada de ir com ele.—Você é uma garota de sorte! Esse homem te ama.—Verdade. Eu me sinto mesmo.Saio do hospital como se estivesse entrando em um mundo novo. Olho tudo, observo as pessoas. Raed sorri de me
IsabellaSinto uma leve pressão na minha mão, e, mesmo adormecida, isso me traz uma sensação de calor. Como se, no meio desse vazio em que me encontro, houvesse algo firme, algo real.Aquele homem... Raed. Seu nome ecoa na minha mente como uma melodia distante. Não sei quem ele é, mas, de alguma forma, sinto que posso confiar nele.Por que não consigo me lembrar? Por que minha mente está tão em branco, mas meu coração reage ao som da voz dele, ao toque suave de suas mãos?Mesmo sem respostas, me agarro a essa sensação. Por enquanto, é tudo o que tenho.RaedA madrugada passa lentamente. Não consigo sair de perto dela, mesmo quando as enfermeiras insistem que eu deveria descansar. Como posso descansar enquanto ela está aqui, lutando para se lembrar de quem é? De quem somos?Com o amanhecer, o médico entra no quarto, interrompendo meus pensamentos. Ele examina Isabella com cuidado enquanto faço perguntas rápidas, tentando controlar a ansiedade.— A perda de memória é comum em casos de t
Desligo o telefone com as mãos trêmulas, o coração batendo como se quisesse sair do meu peito. O mundo ao meu redor parece girar, e por um momento, sinto como se o chão fosse desaparecer sob meus pés.Isabella... Minha Isabella...A imagem dela saindo do quarto, destruída, com lágrimas nos olhos e segurando a alça rasgada do vestido, toma conta da minha mente. E agora, ela está lutando pela vida? Tudo por que eu não consegui controlar meu orgulho?Pego meu casaco apressadamente e desço para o saguão do hotel, cada passo mais rápido que o outro. Minhas mãos ainda tremem enquanto peço ao recepcionista para chamar um táxi. A espera é insuportável, mas logo o carro chega, e entro quase correndo.— Hospital São Marcos, o mais rápido que puder! — ordeno ao motorista.A viagem parece uma eternidade. Cada segundo perdido me consome, como se eu pudesse ouvir os ponteiros do relógio contando o tempo que resta. Tento controlar a respiração, mas minha mente está repleta de cenários horríveis. E s
Raed me encara, seu olhar como uma lâmina, cortando o que resta da minha dignidade. Ele cruza os braços, imponente e cruel, sem dizer uma palavra. O silêncio entre nós é pesado, sufocante. Eu caminho em direção à porta com a cabeça erguida, mas o peso das lágrimas ameaçando cair torna difícil manter a compostura. Quando minha mão toca a maçaneta, sinto sua voz atrás de mim, gelada e cortante: — Não volte. Paro por um segundo, meu coração implorando por qualquer sinal de que ele ainda se importe, mas eu sei que qualquer coisa que ele disser agora só vai me ferir ainda mais. Sem olhar para trás, abro a porta e saio. No corredor, a porta se fecha com força atrás de mim, um som que ecoa como o final de algo que não sei se algum dia poderá ser reconstruído. Respiro fundo, tentando me recompor, mas meu corpo treme. O elevador parece demorar uma eternidade para chegar, e quando finalmente entro, me vejo sozinha. Assim que as portas se fecham, a máscara de força que eu mantinha cai, e as
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