nteiro. Presente. Real. Simplesmente Raul.
Anna
Acordo antes do sol nascer completamente. A claridade suave entra pela fresta da cortina, dourando o quarto com um tom calmo, quase triste. O silêncio é diferente de ontem. Ainda dói..., mas é menos áspero.
Me viro devagar. Raul ainda está ao meu lado.
Dormindo.
O braço dele repousa sobre minha cintura, como uma promessa silenciosa de que está aqui. Que ficou. O rosto sereno, os traços relaxados. Tão diferente do homem tenso de dias atrás.
Observo por alguns minutos, sem pressa.
Meu corpo ainda carrega o toque dele e meu coração pulsa com algo que não é só luto.
É cuidado.
É esperança.
Me mexo um pouco, tentando não o acordar. Mas ele sente. Os olhos abrem devagar, sonolentos.
— Já é manhã? — ele murmura, a voz rouca.
— Já. — Respondo, passando os dedos devagar pelos cabelos bagunçados dele. — Você vai trabalhar hoje?
Ele esfrega os olhos, respira fundo e me olha por um instante. Um daqueles olhares que dizem mais do que qualquer palavra. Carrega tudo: o que vivemos ontem, o que