71. À procura de Tereza (Vicente)
A caminhada de volta para casa foi um tormento.
Cada passo que dava parecia arrastar junto o peso esmagador do fracasso. A lama grudava em seus sapatos já gastos, tornando cada movimento mais difícil, como se o próprio mundo estivesse determinado a atrasá-la ainda mais.
O vento da noite soprava forte, gelado, arrepiando sua pele e bagunçando seus cachos volumosos. Mas ela sequer tentou ajeitá-los. Não havia espaço em sua mente para preocupações banais quando sua mãe estava em casa, deitada em uma cama dura, febril, à mercê do destino.
E ela...
Ela falhara.
A joia, a peça reluzente que poderia comprar a saúde de sua mãe, fora tomada de suas mãos. Arrancada.
Se ao menos aquele homem não tivesse aparecido...
O nome dele queimava em sua mente como brasa viva.
Vicente Monteiro de Alcântara.
Tereza cerrou os dentes ao lembrar da forma como ele a olhava, como se tentasse enxergar através dela, tentando desmascará-la. Como se fosse um juiz diante de um réu prestes a ser cond