68. Um toque (Vicente)
Tereza deslizou a corrente pelos dedos uma última vez antes de colocá-la sobre o balcão. O metal frio contrastava com o calor que subia por sua pele, fruto de uma noite maldormida e da aflição que roía suas entranhas.
— Quanto vale? — perguntou, sua voz firme, embora seu coração martelasse no peito.
O comerciante se inclinou ligeiramente, estendendo a mão para avaliar a peça. Mas antes que seus dedos tocassem o ouro, um aperto firme envolveu o braço de Tereza.
O toque quente e inesperado a fez girar o rosto com um sobressalto, encontrando-se, de repente, diante do aristocrata com quem já esbarrara algumas vezes. O que lhe oferecera a moeda quando esbarrou nela, fazendo-a derrubar sua cesta. Que lhe comprara alguns quitutes dias atrás. E que ontem estava na praça interrogando os comerciantes.
Os olhos dele eram duas brasas acesas, fuzilando-a com uma intensidade que a fez prender o fôlego por um breve segundo. Mas ela não era do tipo que se deixava intimidar.
— Solte-me. — Su