36. O casamento
A igreja era modesta demais para o que deveria ter sido o casamento perfeito.
Não havia coro de músicos refinados ou arranjos luxuosos de flores frescas vindas da Europa. O altar simples destoava completamente do brilho e da grandiosidade que as famílias Monteiro de Alcântara e Vieira de Sá costumavam ostentar.
Era um casamento às pressas.
Um casamento forçado.
E todos sabiam o motivo.
Os cochichos mal-disfarçados ecoavam pelo ambiente abafado, palavras venenosas e olhares julgadores que Cecília fingia ignorar enquanto avançava, com passos calculados, em direção ao homem que, em breve, seria seu marido.
"Desonrada."
"Pobre moça, presa a um devasso como ele."
"A perfeita Cecília trocou o noivo pelo cunhado… Que escândalo!"
Cada sussurro parecia um golpe em seu orgulho, mas ela manteve a postura impecável – as costas retas, o queixo levemente erguido –, recusando-se a demonstrar qualquer fragilidade.
Ainda assim, o coração pulsava descontrolado em seu peito.
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