📍 NARRADO POR ALANA
---
A COBRA NA MIRA DA LÂMINA (continuação)
— “Tu queria o meu lugar.” — minha voz saiu baixa, mas cortante. — “E pra isso, fez pacto com cobra. Se aliou à Daniela, lambendo as botas dela enquanto tentava me tirar de cena como quem varre sujeira pro canto da sala.”
Vilela engoliu seco.
A arma ainda tava apontada pra ele. Firme. Segura.
E eu?
Eu era o gatilho antes do disparo.
A sentença antes da justiça.
Ele respirou fundo, o peito tremendo mais do que devia.
— “Sempre soube…” — ele começou, cuspindo veneno disfarçado de razão — “... que tu era de favela. E quem nasce no esgoto, Alana, não devia se meter com gente de farda limpa.”
Meu dedo apertou mais o gatilho.
Mas não disparei.
Ainda não.
— “De farda limpa?” — soltei uma risada seca. — “Tu usa essa farda como se fosse capa de santidade… mas por baixo dela, tá tão sujo quanto o beco onde eu cresci.”
Avancei mais um passo.
Agora dava pra ver o suor escorrendo da testa dele, misturado com o medo que ele fingia não