capítulo 74

📍 NARRADO POR ALANA

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A COBRA NA MIRA DA LÂMINA (continuação)

— “Tu queria o meu lugar.” — minha voz saiu baixa, mas cortante. — “E pra isso, fez pacto com cobra. Se aliou à Daniela, lambendo as botas dela enquanto tentava me tirar de cena como quem varre sujeira pro canto da sala.”

Vilela engoliu seco.

A arma ainda tava apontada pra ele. Firme. Segura.

E eu?

Eu era o gatilho antes do disparo.

A sentença antes da justiça.

Ele respirou fundo, o peito tremendo mais do que devia.

— “Sempre soube…” — ele começou, cuspindo veneno disfarçado de razão — “... que tu era de favela. E quem nasce no esgoto, Alana, não devia se meter com gente de farda limpa.”

Meu dedo apertou mais o gatilho.

Mas não disparei.

Ainda não.

— “De farda limpa?” — soltei uma risada seca. — “Tu usa essa farda como se fosse capa de santidade… mas por baixo dela, tá tão sujo quanto o beco onde eu cresci.”

Avancei mais um passo.

Agora dava pra ver o suor escorrendo da testa dele, misturado com o medo que ele fingia não
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