capítulo 69

📍 NARRADO POR AZIZA

O gosto de sangue ainda tava no ar.

E não era só o do Diguinho, não.

Era o gosto amargo da merda feita.

Eu entrei no quarto com uma toalha molhada e o kit de primeiros socorros na mão. Ele tava deitado de lado, bufando igual boi abatido, o ego mais ferido que a cara.

Camisa rasgada. Boca inchada. Orgulho estraçalhado.

— “Fica quieto.” — avisei, já ajoelhando do lado dele.

Ele abriu a boca pra falar.

Eu levantei o dedo.

— “Sem show, Diguinho. Hoje tu apanha em silêncio.”

Peguei o antisséptico, encharquei o algodão e encostei no corte perto da sobrancelha.

Ele gemeu.

— “Porra, Aziza…”

— “Porra nada.” — cortei, sem nem olhar. — “Eu avisei. AVISEI.”

Pressionei mais forte. Ele se encolheu.

— “Falei pra não fazer merda, mas não... Tu quis pagar de machão. Quis peitar mulher treinada. Ex-policial. Soldada de guerra. Achou que era só mais uma bunda bonita rebolando no colo do Muralha.”

— “Ela foi pra cima de mim também…”

— “Ah, Diguinho…” — soltei uma risada curta, seca.
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