📍 NARRADO POR AZIZA
O gosto de sangue ainda tava no ar.
E não era só o do Diguinho, não.
Era o gosto amargo da merda feita.
Eu entrei no quarto com uma toalha molhada e o kit de primeiros socorros na mão. Ele tava deitado de lado, bufando igual boi abatido, o ego mais ferido que a cara.
Camisa rasgada. Boca inchada. Orgulho estraçalhado.
— “Fica quieto.” — avisei, já ajoelhando do lado dele.
Ele abriu a boca pra falar.
Eu levantei o dedo.
— “Sem show, Diguinho. Hoje tu apanha em silêncio.”
Peguei o antisséptico, encharquei o algodão e encostei no corte perto da sobrancelha.
Ele gemeu.
— “Porra, Aziza…”
— “Porra nada.” — cortei, sem nem olhar. — “Eu avisei. AVISEI.”
Pressionei mais forte. Ele se encolheu.
— “Falei pra não fazer merda, mas não... Tu quis pagar de machão. Quis peitar mulher treinada. Ex-policial. Soldada de guerra. Achou que era só mais uma bunda bonita rebolando no colo do Muralha.”
— “Ela foi pra cima de mim também…”
— “Ah, Diguinho…” — soltei uma risada curta, seca.