[NARRADO POR ALANA]
O sol nem tinha se atrevido a subir direito, mas eu já tava de pé.
A dor no corpo era um lembrete fresco da noite passada. Não só a porrada, não só o acidente, mas... ele. Caio. Muralha. Fúria e abrigo na mesma pele.
Peguei a camisa dele do chão. Ainda tinha o cheiro dele — pólvora, suor e desejo. Vesti. Fui pra cozinha.
A chaleira chiava no fogão, o café começando a subir. Eu gostava desse silêncio da manhã. Era raro. Como se o mundo ainda estivesse dormindo e eu pudesse respirar sem pedir licença.
Foi aí que a campainha tocou.
No susto, meu coração pulou. Instinto. Puxei a pistola de dentro do armário da pia. Andei devagar até a porta.
Olhei pelo olho mágico.
Aziza.
Abri.
— “Trouxe pão.”
Ergui a sobrancelha.
— “Sério?”
— “Quer que eu diga que vim dar esporro ou fofocar?”
Dei um meio sorriso. Deixei ela entrar.
Aziza tinha aquela energia de quem não pedia licença pra existir. Era força em forma de mulher. E andava pela casa do Caio como se tivesse