📕 Capítulo — O Coração do Infiltrado
Narrado por Coronel Daniela Vasconcellos
— “Quero um caixão.”
A sala congelou.
Vilela perdeu a cor. Os outros fingiram que não ouviram. Mas eu? Eu sorri. Por dentro.
Porque quando uma peça finge ser neutra no tabuleiro, ela sempre esconde veneno.
— “Quero ele queimado por dentro antes de sangrar por fora.” — continuei. — “Sem chance de defesa. Sem chance de apelo.”
Virei de costas, olhando pela janela a cidade se esticando no horizonte como um campo minado.
— “Sabe o que me irrita, Vilela?” — perguntei, o tom quase doce. — “Não é ele estar do lado do Muralha. Isso eu esperava. Todo rato volta pro esgoto.”
— “É o teatro. A dissimulação.” — minha voz endureceu. — “Fingir ser soldado. Fingir ser um dos nossos. Quando, na verdade, era só mais um verme lambendo os calcanhares do rei do morro.”
Voltei pra frente do telão.
A imagem congelada de Julião numa operação antiga me encarava.
Braços cruzados. Olhar vago.
Como se já soubesse que seri