13. O peso das aparências

A temperatura da água divergia do inverno brutal do lado de fora. Quente, espessa, perfumada… como se zombasse da minha lembrança de frio, sujeira e abandono. O vapor nublava os espelhos e, por um instante, me senti outra.

Ou talvez só mais uma versão partida de mim mesma.

Na ilha não havia luxos, não havia encanamento, nem sabonetes cheirosos. Aquele banho, simples para qualquer outro, me arrancou lágrimas. Não pela água, mas porque eu finalmente aceitei que aquilo era real. A fuga, a dor, o luto. Eu não estava mais sonhando. Estava viva. Mesmo que ferida.

Caminhei até um espelho de bordas bordô, passando os dedos pelo vidro embaçado até meu reflexo aparecer.

Pálida. Olheiras escuras. Os olhos antes vivos estavam opacos. Os cabelos, crescidos até abaixo da cintura, eram um emaranhado seco e sem forma. Eu parecia alguém que sobreviveu — não alguém que vive.

Mas, pelo menos, eu estava limpa.

— Padgett?

A lona se mexeu, e a voz de Sofia atravessou o vapor com precisão. Seu tom era educa
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