14. Sombras e sorrisos
Durante quase toda a noite, Sofia me guiou por diferentes áreas da matilha com o mesmo entusiasmo que uma professora entediada faria durante uma excursão escolar. A cada parada, ela apresentava nomes, cargos e responsabilidades com um ar polido demais — e distante o suficiente para parecer um ensaio.
Conhecemos três mulheres que lideravam a cozinha comunitária, com colheres de madeira presas às cinturas como adereços de batalha. Depois, fomos ao galpão de abastecimento, onde homens empilhavam sacos e caixas com precisão militar.
Lá, os olhares demoraram demais em mim, não como se eu fosse suspeita, mas como se fosse uma distração.
Um deles, ao notar minha presença, até tocou o companheiro ao lado e murmurou algo, antes de virar o rosto como se nada tivesse acontecido.
As responsáveis pela lavanderia eram mais contidas. Mulheres silenciosas com mãos calejadas e olhos fundos pelo vapor e o trabalho repetitivo. Algumas me encararam com pena. Outras, com o tipo de julgamento que nem disfa