A sede estava estranha naquela manhã.
Não era movimentação.
Não era clima de pressão.
Não era reunião importante.
Era o silêncio.
O silêncio de Rafael.
O silêncio que vinha desde ontem.
O silêncio que vinha desde que Lívia disse “eu aceito”.
Lívia entrou no décimo andar tentando parecer inteira, profissional, segura.
Mas o corpo todo denunciava o oposto:
ombros levemente curvados, respiração mais curta, passos calculados demais.
Bruna percebeu de longe.
— Você dormiu? — perguntou, cruzando os braços.
Lívia apenas balançou a cabeça.
— E ele? — Bruna insistiu.
— Não falou comigo. — respondeu, tentando não tremer.
Bruna suspirou, com compaixão.
— Homem apaixonado não sabe lidar com medo. Eles viram silêncio.
— Só que o silêncio dele dói em você… e machuca ele também.
Lívia desviou o olhar.
Sim, doía.
Doía porque ela nunca tinha visto Rafael daquele jeito.
Nem raiva.
Nem ciúme.
Nem frieza.
Era pior.
Era ausência.
Mais tarde, Lívia levou alguns relatórios para a sala dele.
Bateu na porta.