O dia estava estranho.
Cinza.
Com cheiro de chuva prestes a cair.
Como se o céu antecipasse o que estava para acontecer dentro da sede da VittaFran.
Lívia chegou um pouco mais tarde que o habitual.
A noite anterior tinha pesado.
As lágrimas que ela tentou segurar deixaram marcas invisíveis — e uma sensação leve de ressaca emocional.
Quando ela passou pela recepção, o corpo inteiro reconheceu uma presença antes mesmo de vê-la.
Vicente.
Ele estava sentado, calmo, elegante como sempre.
Terno azul noite, camisa branca impecável, mãos entrelaçadas no colo.
Quando a viu, levantou-se imediatamente.
— Bom dia, Lívia. — disse ele com uma suavidade que abraçava.
— Vicente… o que te traz aqui tão cedo?
Ele sorriu — e, como sempre, não era um sorriso de flerte.
Era um sorriso de quem observa a alma da pessoa e a respeita.
— Vim trabalhar no cronograma da nossa primeira viagem.
Mas… — ele a observou com cuidado — você parece cansada.
A noite foi difícil?
Lívia piscou, surpresa com a precisão.
— Fo