Era pouco mais de duas da manhã quando acordei com o choro. Demorei um segundo para lembrar que não estava sozinha, que aquele som agudo e insistente vinha do pequeno ser dormindo a poucos passos da minha cama.
— Calma, amor... tô aqui — murmurei, a voz ainda sonolenta, levantando-me com cuidado.
Yves chorava de olhos fechados, os punhos erguidos como se lutasse com o ar. Peguei-o no colo com delicadeza, embalando-o contra o peito. Meu corpo reagia no automático: o coração acelerado, os olhos meio cerrados, mas os braços firmes, protetores.
Verifiquei a fralda, trocando com agilidade, enquanto sussurrava coisas que nem fazia ideia se ele entendia.
— A gente vai aprender isso juntos, tá bom? Não desiste de mim não.
Preparar a mamadeira foi um exercício de foco entre o calor, o choro insistente e o medo de não fazer tudo certo. Coloquei a fórmula, testei a temperatura várias vezes e enfim o alimentei no silêncio da sala, sentada com ele no colo e o olhar fixo na janela. A cidade dormia,