Meus pés me levaram até lá antes que eu pudesse tomar uma decisão consciente. Quando percebi, estava na frente da confeitaria de fachada azul-clara, encarando a porta de vidro como se ela fosse um portal entre mundos. E talvez fosse.
O sino tilintou quando empurrei a porta, e o som soou mais alto do que de costume — ou talvez fosse só dentro de mim. Tudo estava mais alto, mais colorido, mais… carregado. O cheiro de canela, baunilha e café veio como um soco doce no estômago. Me fez fechar os olhos por um segundo. Um segundo só.— Você tá com uma cara de quem viu um fantasma — disse Liam, já me observando do balcão.— Eu… talvez tenha visto — murmurei, tentando forçar um sorriso.Ele ergueu uma sobrancelha.— Mesa de sempre?Assenti, sem forças pra inventar ousadia hoje.Me sentei devagar, como se meu corpo pesasse o triplo. A cadeira de madeira era firme, mas tudo em mim parecia querer desabar. Apoiei os cotovelos na mesa