Nada mudou
ISABELA
Os dias haviam se passado, se transformando em uma semana. Eu me joguei de cabeça no meu trabalho na floricultura, colocando meu foco totalmente nele, buscando uma rotina, uma distração. Carlos ainda estava hospedado na pousada, e sempre arrumava um jeito de falar comigo, se aproximando com histórias "nossas" de antes que nunca me faziam lembrar de nada. A cada narrativa dele, eu sentia o vazio da minha memória, uma estranha desconexão entre as palavras e a emoção.
Hoje, enquanto estava terminando um vaso para os dias dos namorados, parei para pensar em Rafael. Desde o dia do parque, eu não o vi mais. A ausência dele era um incômodo sutil, uma lacuna que eu não esperava sentir. De repente, a porta da floricultura se abriu, e lá estava ele. E devo admitir, meu coração começou a bater rápido quando o vi ali parado, sem jeito, os olhos fixos nos meus.
— No que posso te ajudar, Rafael? — perguntei, indo para trás do balcão, tentando manter uma postura profissional, embo