Capítulo 30
O Silêncio Quebra

RAFAEL

Na tarde de terça-feira, fui buscar a Emma na escola. No caminho de volta, dentro do carro, percebi o silêncio dela, o olhar meio vago pela janela.

— Filha? Tá tudo bem? — perguntei, olhando pelo retrovisor.

Ela suspirou, daquele jeito dramático de criança.

— Tô com saudade da Isa, pai.

— Eu sei, meu amor.

O silêncio tomou conta do carro, carregado de uma verdade que eu não queria encarar.

De volta em casa, Emma entrou na sala arrastando a mochila, a alça escorregando pelo ombro, a testa franzida.

— Pai? — chamou.

— Oi, filha. Ela veio até mim, com aquele jeito direto que só ela tem.

— A Isa vai vir hoje? Faz um tempão que eu não vejo ela.

Engoli seco.

— Hoje não, meu amor. Ela está ocupada. Ela me olhou por um tempo.

Então sentou no sofá.

— Você fica meio triste quando ela não tá aqui.

— Eu?

— É. Dá pra ver.

Ficou um silêncio entre a gente.

Ela olhou para mim de novo, com os olhos tão iguais aos da mãe. Mas, pela primeira vez, não vi só a Jeniffer ali. Vi ela
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