O Peso do Silêncio
O sábado chegou antes que eu percebesse. As caixas já estavam empilhadas, fechadas e etiquetadas. A titia fez questão de ajudar em tudo. Um amor, como sempre. Carregou peso, dirigiu até a casa nova e ainda me deu um sermão sobre me alimentar direito agora que ia morar sozinha.
Quando o carro parou em frente à casa, olhei pela janela e vi o Rafael sentado na varanda. Jornal numa mão, café na outra. Ele parecia tão alheio ao mundo que nem me viu chegando. Emma saiu logo depois, falando alguma coisa com ele. Só deu para perceber que ela tinha aprontado alguma na escola — e que ele estava dando aquela bronca contida de pai viúvo. Ela saiu correndo para os fundos da casa, cabeça baixa, o rosto meio emburrado.
Tive vontade de ir atrás dela, mas me contive. Não queria me meter no jeito que ele escolheu para educar a filha. Rafael se levantou e caminhou até onde estávamos, o olhar meio cauteloso.
— Bom dia, dona Benedita — disse, com um sorriso tímido.
— Bom dia, Rafael — mi