Paredes de Ódio
ISABELA
A tarde já se inclinava para o entardecer quando deixei a floricultura. Meu dia tinha sido longo, mas, nas últimas horas, meus pensamentos se dividiam entre o trabalho e um futuro que eu sonhava construir com Rafael. Eu me pegava imaginando nossa vida juntos, talvez um casamento, a casa cheia de risadas, uma família de verdade com ele e Emma. Aquele carro próprio, que eu agora cogitava, era mais do que conveniência; era um passo em direção a essa vida. Havia esquecido umas folhas de pagamento cruciais e precisei pegar o ônibus de volta para casa. Enquanto o veículo sacolejava pelas ruas, eu sentia um misto de impaciência e a doçura desses novos sonhos.
Mal pisei na calçada da nossa rua e meu coração gelou. Uma pequena multidão de vizinhos se aglomerava na frente da casa dele, as cabeças baixas, os sussurros contidos. E, como um punhal cravado no meu peito, vi um carro de polícia parado bem ali, com as luzes azuis e vermelhas girando silenciosamente, refletindo