A tampa do vaso se soltou com um leve estalo seco, como se tivesse sido selada há muito tempo. Um leve aroma de terra molhada e incenso antigo escapou, denso, carregado de algo que Jonas não soube identificar — um cheiro que evocava madeira queimada, flor murcha e algo metálico, frio.
Lá dentro, repousando sobre um pano envelhecido, havia um pequeno amuleto de pedra escura, preso por um fio de couro trançado. Ao lado dele, dobrado com precisão, estava um papel amarelado, com escrita à mão, em tinta já desbotada.
Jonas pegou o papel com cuidado. Era uma prece — ou talvez um aviso — escrita num português arcaico:
"Que este nome aqui selado não encontre o caminho de volta. Que a alma permaneça quieta e o vínculo, desfeito. Pelo sono das raízes, pelo silêncio dos que guardam."
Abaixo, em letras menores, um nome: "Cícera das Almas".
O nome o gelou.
Cícera. Ele conhecia esse nome. Era o nome da avó de Gabriel. A mesma que, diziam, "sabia das coisas" e "mexia com encantamento".
Jonas sentiu