Narrado por Maitê
Entro no banheiro ainda tremendo. Meus passos estão desconexos, como se minhas pernas tivessem desaprendido a carregar o peso do meu próprio corpo. Apoio as mãos na pia e encaro meu reflexo: olhos marejados, a respiração curta, o rosto pálido. Jogo água fria no pescoço e no rosto, tentando espantar o medo que pulsa dentro de mim, mas é inútil. O pânico é mais forte do que a água gelada.
As lágrimas caem antes que eu consiga impedir. Me agacho, abraçando as próprias pernas, me escondendo em mim mesma. “Você não pode ter uma crise agora, Maitê. Não aqui, não assim.”
Puxo o ar como se ele fosse me salvar, mas é como tentar respirar debaixo d’água.
Com mãos trêmulas, pego o celular e digito:
“Preciso de ajuda. Vem ao banheiro, por favor.”
Espero por Bruna. Rezo por ela. Mas quando ouço as batidas na porta, não é ela que está do outro lado.
Abro, cambaleando… e dou de cara com ele.
O homem que JP chamou de dono do Vidigal. A figura que todos respeitaram no camarote. Seus