Narrado por Maitê
O som do rádio quebra momentaneamente a tensão que pairava no ar, trazendo de volta uma sensação de normalidade, ainda que breve. JP se afasta rapidamente após atender a chamada, mas volta minutos depois com um sorriso no rosto.
— O chefe liberou vocês para subirem. Lá em cima tem bebida de graça e menos gente esbarrando na gente. O que acham? — ele pergunta casualmente, mas com aquele ar de quem sabe que está oferecendo algo tentador.
Bruna me lança um olhar cúmplice. É aquele tipo de olhar que dispensa palavras. Nós duas sabíamos que aquele convite ia muito além de conforto.
— Vamos, aqui embaixo tá bem cheio mesmo — respondemos quase em uníssono, como se nossas almas estivessem conectadas naquele momento.
Enquanto subíamos, uma questão martelava na minha cabeça: estando tão perto do meu avô, será que ele me reconheceria? E se sim, o que faria? Deveria eu me aproximar? Revelar quem sou? Ou seria melhor observar, esperar, entender quem ele é hoje?
Meu coração estava