A madrugada correu silenciosa naquela casa modesta. A chuva que antes batia nas telhas agora era apenas um sussurro distante. O relógio da parede marcava 6h12 quando o primeiro raio de luz atravessou a janela da sala.
O sofá era pequeno para dois adultos, mas de alguma forma, eles cabiam. Mariana estava deitada sobre o peito de Gabriel, a perna sobre a dele, o rosto escondido na curva do pescoço dele, como se temesse que tudo fosse sonho e evaporasse ao se afastar.
Gabriel dormia profundamente. Uma mão repousava na cintura dela; a outra permanecia entrelaçada aos dedos de Mariana, como se mesmo dormindo tivesse medo de soltá-la. A respiração dos dois era calma, sincronizada.
Lá em cima, o rangido leve da cama anunciou que Guilherme estava acordando. O silêncio foi quebrado pelo arrastar suave de pés pequenos no piso de madeira. Ele abriu a porta devagar, como Mariana o ensinara. Desceu o primeiro degrau. Depois o segundo. Parou no meio da escada, esfregando os olhos sonolentos. F