Mariana respirou fundo mais uma vez antes de destrancar a porta. O rosto ainda estava quente pelas lágrimas recentes, mas ela dominou cada músculo, cada expressão, cada fragmento da própria respiração.
Ela tinha uma missão: parecer normal. Abriu a porta e saiu. O corredor parecia mais longo, o chão mais distante, o ar mais pesado. Cada passo ecoava como se ela estivesse caminhando por dentro do próprio passado.
Quando entrou na Sala 4A, conversas se calaram por um instante. Vários olhares se voltaram para ela — profissionais, curiosos, indiferentes. Ela sorriu. O sorriso treinado, o sorriso blindado, o sorriso que esconde a alma.
— Bom dia — disse com cordialidade.
— Enfermeira Mariana, que bom que conseguiu chegar — alguém comentou, abrindo espaço na mesa.
Ela assentiu e se sentou, ajeitando a pasta. Suas mãos ainda tremiam discretamente, mas ela manteve os dedos entrelaçados sobre o colo para conter o movimento.
A reunião começou. Gráficos. Propostas. Discussões sobre fluxo de