Mariana estava sentada na varanda dos fundos da clínica, envolta por um cobertor fino e o som distante da cidade silenciosa. O céu começava a clarear, tingido de azul-acinzentado, e o cheiro de café recém-passado vinha da cozinha onde Matheus organizava as últimas coisas.
Ela olhava para o horizonte com os olhos inchados, mas havia paz ali. Pela primeira vez em muito tempo, o medo não era o sentimento dominante. O silêncio daquela manhã carregava uma sensação de encerramento — e também de recomeço.
Passos firmes ecoaram até a varanda. Matheus surgiu, trazendo duas canecas fumegantes, mas o olhar dele carregava algo a mais.
— Preciso te contar uma coisa. — ele disse, estendendo a caneca.
Mariana franziu o cenho, pegando a bebida. — O que foi?
Ele se sentou ao lado dela, respirou fundo e foi direto:
— Eu descobri a verdade, Mariana. O Gabriel está vivo.
Ela congelou. As mãos trêmulas fizeram a bebida chacoalhar dentro da caneca.
— O quê? — sussurrou, como se as palavras não pudessem ser