Quando me acomodei na poltrona do avião, ainda sentia o cheiro do perfume dele na minha pele. Luce cantava músicas encostada em mim, alheia à despedida silenciosa que ainda ecoava no meu peito. Ajustei o cinto dela com cuidado e, só então, virei o rosto para a janela.
Ethan ainda estava ali.
Parado na área externa, mancando levemente, as mãos nos bolsos da calça, o olhar fixo no avião como se pudesse me impedir de partir apenas com a força da vontade. O coração apertou de um jeito quase físico quando o vi se tornar menor à medida que nos afastávamos do portão.
Eu não acenei. Não porque não quisesse, mas porque se o fizesse… talvez não tivesse forças para ir.
O avião começou a se mover, e aquela imagem foi ficando distante, até se transformar em um ponto quase invisível. Respirei fundo, sentindo os olhos arderem, mas segurei o choro. Não ali, não naquele momento.
Eu estava indo embora sem ele, e isso me aterrorizava.
Ethan sempre foi presença. Às vezes sufocante, às vezes caótic