O cheiro de alecrim e manteiga se espalhava pela cozinha da cobertura. Elisa, de avental e rosto levemente corado do calor do forno, mexia os últimos toques no risoto de parmesão com filé ao molho de vinho. Dona Célia, como sempre, era sua aliada silenciosa.
Está perfeito, senhora Elisa, disse a governanta, provando com uma colher de pau. Ele vai adorar. É o prato favorito dele.
Elisa sorriu, mas havia algo contido naquele sorriso. Um brilho discreto nos olhos. Aquela noite era especial para ela, mesmo que ninguém soubesse o motivo.
Naquela tarde, ela havia vendido sua primeira composição. Uma partitura original para um quarteto de cordas, sob o pseudônimo de Clara Vianna. O comprador, um professor respeitado do Conservatório Villa-Lobos, elogiara sua técnica e sensibilidade musical.
Elisa havia sentido o coração vibrar de orgulho. Uma parte de si renascia, não a esposa invisível, mas a artista esquecida que ainda morava dentro dela.
Sem contar nada a Eduardo, decidiu comemo