O hospital estava silencioso naquela noite.
As luzes do apartamento de Elisa estavam baixas, e o som suave do violino preenchia o ambiente. Ela havia tirado o instrumento do estojo horas atrás, precisava dele como quem precisa de ar.
Tocava devagar, com os olhos fechados, tentando afastar as emoções que lhe queimavam o peito.
Mas não adiantava.
A carta de Eduardo estava sobre a mesa, fechada.
Esperando.
A cada nota, o envelope parecia pesar mais.
Por que agora?
Por que depois de tudo, ele decidiu falar?
Elisa parou de tocar.
Tirou o jaleco que ainda usava desde o hospital e se sentou no sofá com a carta entre os dedos.
Por um momento, teve vontade de jogá-la fora.
Mas respirou fundo… e abriu.
A caligrafia dele era firme, como se cada palavra fosse esculpida com esforço.
Mas o conteúdo…
“Elisa,
Talvez seja tarde. Talvez você nem leia até o fim.
Mas mesmo assim, preciso escrever. Preciso tirar de mim tudo o que silenciei por covardia, orgulho ou cegueira.”
Ela engoliu