Foram três dias corridos entre o escritório e o hospital. Eduardo se dividia entre reuniões tensas com investidores e visitas a Sophia, que agora estava de repouso absoluto após, segundo o médico, uma pequena cirurgia para estabilizar a torção do tornozelo.
Você foi um anjo ... dizia ela, voz doce. ... Meu anjo particular.
Ele não sabia por que, mas havia algo estranho naquela recuperação. Sophia parecia sempre perfeitamente maquiada, cabelo arrumado demais, lágrimas ensaiadas demais. Mas ele ignorava o incômodo.
Na terceira noite, ao sair do hospital, decidiu finalmente voltar para casa.
Era quase meia-noite quando entrou na cobertura e notou o silêncio diferente. A casa estava arrumada, sim, mas havia um vazio que ia além da quietude habitual.
Dona Célia? ... chamou, ao passar pela cozinha.
A governanta surgiu no corredor, assustada ao vê-lo.
Senhor Eduardo! Pensei que não viria esta semana. Quer jantar?
Não. Só queria saber onde está Elisa. Preciso falar com ela.
Dona Céli