O dia amanheceu cinza, como se o céu também estivesse segurando a respiração. Helena caminhava pelas ruas com o passo pesado, a mente um turbilhão de emoções que ela preferia manter trancadas. Havia semanas que sua mãe estava internada, em coma, e cada visita ao hospital parecia atravessar uma névoa densa, onde passado e presente se confundiam.
Ao chegar no Café Aurora, o aroma do café quente e o murmúrio calmo do lugar deram um breve alívio ao seu peito apertado. Bianca estava atrás do balcão, ajeitando alguns pratos, e ao vê-la, abriu um sorriso genuíno.
— Helena, que bom te ver — disse ela, puxando uma cadeira para que a amiga sentasse.
— Também estou feliz de estar aqui — respondeu Helena, tentando afastar o peso que sentia. — Preciso mesmo de um lugar para respirar.
Bianca observou o rosto marcado, a sombra que os últimos dias tinham deixado, e falou com um tom suave:
— Eu sei que não está fácil... E eu queria te pedir uma coisa. Você já pensou em voltar a trabalhar comigo no caf