Layla
Acordei com o celular vibrando antes do sol. Mensagem do Bart:
— “Viagem relâmpago com o diretor. volto amanhã. te ligo de lá”.
Coloquei o aparelho na mesa, de barriga para baixo, e encarei o teto. A viagem podia ser real. Podia ser desculpa. O problema é que o meu corpo já não diferia paranóia de intuição.
Vesti calça confortável, prendi o cabelo e fui à padaria da esquina. O padeiro sorriu, me chamou de “menina dos bichos” e colocou um pão a mais no saco. É por isso que eu amo gente simples, a bondade deles não exige legenda.
No caminho de volta, Sarah me ligou em vídeo. Atendi com o pão no queixo.
— “Dormiu bem?”
— Em capítulos.
— “E o batom?”
— Virou “acidente no trabalho”. — Fiz aspas com a mão.
— “O acidente mais antigo do mundo.”
— Eu sei. — Suspirei — Mas eu preciso ver mais. Senão eu viro a maluca que vê crime em rímel borrado.
— “Você não é maluca.” — Ela estreitou os olhos, como se pudesse me ajustar o foco pela tela — “Só promete uma coisa, se a prova cair no seu co