Layla
Eu prometi para mim mesma que não ia ser a mulher que lê sinais em nuvens. Que não ia ver traição em atraso de encontros, mentira em reunião que estica. Prometi ser adulta, respirar, confiar. Mas a vida tem um senso de humor que dá vontade de devolver.
Bart mandou mensagem de manhã:
— “Almoço rápido? sinto sua falta.”
Eu li três vezes antes de responder “sim”, como quem negocia com o estômago e com a consciência. Precisava ver nos olhos dele a confirmação de que a minha cabeça era só fábrica de medo.
O restaurante era prático, perto da obra. Ele chegou minutos atrasado, camisa clara, mangas dobradas, o cabelo penteado com pressa. Levantou quando me viu, abriu os braços, o abraço de sempre perfeito, seguro.
— Que saudade. — ele disse, e o “saudade” parecia roteiro — Você está linda.
— Você está atrasado. — brinquei, tentando não parecer um detector de metal na porta da verdade.
Ele riu, pediu dois sucos, disse que estava sem tempo. Falamos do nosso relacionamento. Ele falou que