Kaleo
A cidade parecia ruir naquela noite. Raios cortavam o céu como prelúdio do que viria, e a chuva descia em ondas que transformavam ruas em rios. Eu não precisava de desculpas para me aproximar da minha diabinha, mas a tempestade ofereceu uma perfeita.
A rua estava interditada, um poste havia caído. Eu poderia simplesmente contornar, mas preferi estacionar diante do edifício dela. Bati duas vezes, firme, como quem tem direito de entrar.
Layla abriu a porta com o cabelo solto, a luz suave atrás dela, um casaco velho sobre o pijama. A expressão misturava surpresa e irritação.
— Você enlouqueceu? — ela perguntou, os olhos lindos faiscando — O que faz aqui?
— A rua está interditada. — Encolhi os ombros, como se fosse apenas um detalhe — Não tinha para onde ir.
— O que quer que eu faça com isso?
— Que me deixe entrar. — Sorri de lado — Ou prefere me ver encharcado na calçada?
Ela suspirou, vencida, e abriu caminho. Entrei como quem invade território inimigo. A sala era simples, aconche