Layla
Eu não queria ir. Depois da estrada, depois do canteiro de obras, depois das frases que cortam como vidro e dos salvamentos que chegam tarde demais, eu só queria uma noite anônima, pijama e pudim na geladeira.
Mas Bianca bateu o pé, Helen fez drama, minha mãe arrumou meu cabelo como se eu estivesse prestes a ganhar um prêmio da vida, e Bart apareceu com um convite que brilhava sozinho.
— É um baile de gala, Lay. Tudo para a campanha dos hospitais. Sua ONG foi citada no material. Precisamos estar lá. — disse ele, com o sorriso de sempre.
“Precisamos”. Nunca “você quer?”. Engoli a implicância com água gelada. O vestido preto de alcinha me abraçava sem exageros, e a sandália parecia uma peça moldada contra meus pés. Bart me olhou como quem apresenta um projeto aprovado.
— Está perfeita.
— Só não pise no meu dedo. — brinquei, tentando fazer graça do nervoso.
No salão, lustres enormes pendiam como constelações no enorme céu escuro. Músicos afinavam instrumentos no palco, garçons pas