Kaleo
Eu passei pelo bar, troquei duas palavras com gente que acha que manda, e pousei a mão no ombro do maître, um homem que eu patrocinei muito antes dele saber.
— A primeira taça vai para ela. — disse, sem olhar — A segunda, para mim.
— Perfeitamente, senhor.
A bandeja foi preparada. Uma marca mínima sob o pé do cristal me dizia o que os outros olhos não poderiam ver. Atravessei o salão num ritmo que ensaiei desde menino: lento o suficiente para parecer dono, rápido o bastante para não perder o timing de um destino.
Cheguei à mesa.
— Boa noite. — Olhei para a ONG que ela carrega nos ombros, e menti com elegância — É uma honra.
Layla sustentou o meu olhar como quem aguenta mar revolto em queixo erguido.
— Boa noite.
Bart ergueu-se, ensaiado. Apertou minha mão com força medida. Eu devolvi ausência.
— Brindemos? — propus, honesto como veneno bem embalado.
O maître veio com a bandeja. Duas taças ocupavam o centro como se já fossem o motivo de todas as conversas. Eu estendi a mão para a