O sábado nasceu com um céu limpo, mas havia no ar uma vibração diferente, como se a vitória conquistada contra Gabriel tivesse ultrapassado os limites da cidade. Logo cedo, Isadora percebeu que a repercussão já não era apenas local: jornais de alcance nacional estampavam seu nome, não como vítima, mas como símbolo de resistência. A fotografia da vigília na praça — velas acesas, livros abertos, rostos iluminados pela chama da coragem — ocupava as primeiras páginas, acompanhada da manchete: “A Livraria que Virou Farol.”
No café da manhã, o gerente mostrou com orgulho os recortes. — Não é só aqui. Eles estão falando de você em todo o país. — Isadora, ainda surpresa, não conseguiu responder de imediato. Guardava dentro de si a memória das noites de medo, do silêncio pesado da pensão, dos bilhetes ameaçadores. Agora, ver tudo isso traduzido em manchetes positivas lhe parecia quase irreal.
Na livraria, o movimento era intenso como nunca. Não eram apenas vizinhos ou clientes habituais: vinha