A madrugada seguinte à audiência trouxe consigo um silêncio estranho, como se a cidade tivesse recolhido o fôlego para assistir aos próximos movimentos. Isadora acordou com a lembrança da sala fria, das palavras calculadas de Gabriel e da própria voz ecoando firme: “só quero viver sem ser perseguida.” Seria tão dificil assim?! Repetiu a frase para si mesma como quem ensaia um mantra, e por um instante sentiu que era possível acreditar.
Na livraria, o ar parecia diferente. Alguns clientes olhavam-na com curiosidade, outros com respeito, e havia ainda os que evitavam contato, como se a história em torno dela fosse um rumor incômodo demais para ser enfrentado. Isadora não se surpreendia. Sabia que o mundo tinha medo da verdade, porque a verdade não podia ser moldada à conveniência de todos. Ainda assim, entregava-se ao trabalho: embalava livros, organizava pilhas, respondia a perguntas, como se cada gesto cotidiano fosse um modo de se afirmar contra o cerco invisível.
Rafael, ao lado, er