A manhã surgiu vestida de ouro e bruma. A névoa ainda pairava sobre o campo, mas a claridade já despontava por trás das montanhas, tocando as copas das árvores com luz morna e lenta. O rio corria sereno, seu som profundo ecoando como uma velha canção. Havia paz na paisagem — uma paz antiga, de quem já viu tudo e, ainda assim, escolhe continuar.
Isadora acordou com esse som. O corpo agora era mais frágil, cada movimento exigia calma, mas o espírito — esse, não envelhecera. O tempo, que antes lhe parecia inimigo, agora era apenas um companheiro gentil. Vestiu o xale de tricô, prendeu o cabelo num coque frouxo e foi até a varanda. O ar estava fresco, e o vento trazia o perfume doce das flores que cresciam à beira da estrada.
A casa estava silenciosa. Rafael ainda dormia, o rosto iluminado por uma paz que vinha de dentro. Isadora o observou por um instante e sorriu — um sorriso cheio de ternura e de história. Quantos amanheceres já tinham dividido? Quantas noites de tempestade haviam atra