A madrugada já se arrastava quando Elô e Miguel chegaram ao pequeno quarto dela, exaustos e ainda com a sensação de estarem sendo seguidos. O diário repousava sobre a mesa, iluminado apenas pela luz amarelada da luminária.
Elô não conseguia tirar os olhos do caderno. Cada página parecia pulsar, como se escondesse segredos prestes a saltar diante deles. Miguel, por outro lado, tentava manter a calma — espalhou algumas folhas em branco sobre a mesa, pronto para anotar qualquer pista que descobrissem.
— Vamos começar por aqui — disse ele, apontando para a página onde a caligrafia mudava. — Clara não escrevia assim sem motivo.
Elô puxou uma lupa de vidro, herança do avô, e aproximou-se das letras. O traçado irregular escondia algo. Demorou alguns segundos até que ela percebesse o detalhe: algumas letras estavam mais fortes, como se Clara tivesse pressionado mais a caneta nelas.
— Miguel... olha isso. As letras marcadas formam uma sequência: C, A, S, A...
— Casa... — ele repetiu, franzindo