O avião cruzava o céu noturno silenciosamente.
Helena observava as luzes abaixo. A cidade era limpa, simétrica, como se tivesse sido desenhada por um arquiteto obcecado por controle. Nenhum ruído, nenhum sinal de caos. Mas ela sabia: por trás da harmonia artificial havia algo podre.
Eva se sentou ao lado dela, ajustando o fone.
— Estamos nos aproximando de Lýstra. População: pouco mais de 14 mil habitantes. Todos os dados demográficos estão limpos demais. Sem registros de criminalidade, doenças ou protestos nos últimos três anos.
— Parece… perfeito demais.
— Porque não é real — respondeu Helena. — Isso aqui não é uma cidade. É uma encenação.
O avião pousou discretamente na pista secundária, construída como se fizesse parte de um pequeno aeroporto local. A base de entrada da instalação experimental estava escondida dentro da prefeitura da cidade — no subsolo.
Lýstra, à luz do dia, era desconcertante.
Crianças brincavam sem gritos. Cães caminhavam em silêncio ao lado dos donos. Os semáf