A noite havia caído em Montserra, e a mansão Ferraz estava mais silenciosa do que o normal. Helena estacionou o carro diante dos portões sem hesitar. O passado exigia respostas, e ela não sairia dali sem obtê-las.
Carlos Ferraz a esperava na biblioteca, como se soubesse que aquele momento chegaria.
— Você quer saber a verdade — disse ele, sem sequer um cumprimento.
— Não. Eu exijo. Chega de rodeios, meias palavras e manipulações. Eu quero saber se sou sua filha.
Carlos olhou para o copo de uísque nas mãos. O silêncio entre eles se estendeu, tenso como corda prestes a se romper.
— Isso não muda nada.
— Muda tudo! — Helena disparou. — Muda o motivo de você me odiar por anos. Muda a forma como Isadora sempre foi privilegiada. Muda a história da minha vida!
— Sua mãe me destruiu — ele disse, por fim. — Ela me fez acreditar que poderíamos fugir de tudo. Mas quando a pressão aumentou, ela escolheu a segurança. Voltou para o marido e me deixou para trás.
— E você se vingou em mim?
— Eu nunca