O velho monge caminhava à frente com passos lentos, mas firmes, como se cada movimento fosse medido pelo peso dos séculos. Clara, Miguel e Elô o seguiam em silêncio, descendo escadas estreitas que pareciam não ter fim. O ar ficava mais pesado, impregnado de mofo e umidade, como se estivessem entrando nas entranhas da própria montanha.
Finalmente, chegaram a uma câmara subterrânea iluminada apenas por archotes fixados nas paredes. No centro, havia uma mesa de pedra, sobre a qual repousava um enorme tomo coberto por couro negro, marcado com símbolos que Elô reconheceu de imediato: eram os mesmos que às vezes queimavam em sua pele quando a escuridão despertava.
— Este livro não deveria ser aberto — disse o monge, passando a mão enrugada sobre a capa. — Mas parece que o destino já decidiu por nós.
Ele empurrou o tomo lentamente, e o rangido das dobradiças ecoou como um lamento. As páginas eram feitas de pergaminho amarelado, escritas em uma língua antiga, com letras que dançavam diante do