Passei na faculdade e a vi sentada sozinha no banco, com os livros no colo. Até nisso, ela é só. O coração me doeu. As pessoas não enxergam a beleza da minha filha. Não veem a inteligência brilhando nos olhos dela. Preferem chamá-la de nerd, de horrorosa, como se fosse um defeito se destacar pela mente e não pelo corpo.
Deixa minha filhinha, deixa. Pelo menos ninguém vai se aproveitar de você como eu me aproveitei da sua mãe. Mas eu prometo, minha filha, eu vou mudar. Eu vou mudar tudo na nossa vida. E a nossa vida vai ser melhor.
— Buzine. — pedi ao motorista, e o som ecoou suave no pátio.
Ela ergueu a cabeça, e quando me viu dentro do carro, os olhos dela brilharam. Correu até a porta, o motorista abriu, e ela entrou sorrindo.
— Papai! — me deu um beijo na bochecha. — Como foi o seu dia? Tomou o seu remédio?
Sorri, acariciando seus cabelos presos sob a touca.
— Tomei, minha filha. E o seu, como foi?
— O senhor nem imagina! — ela respondeu, animada. — As aulas hoje foram maravi