Dentro do carro, a mala repousava no banco de trás, pequena em tamanho, mas carregada de um peso simbólico gigantesco: quarenta anos de submissão deixados para trás.
Clarence enxugava as lágrimas ainda quentes quando olhou para o filho e murmurou:
— O mais difícil foi para nós dois... porque você nunca enfrentou o seu pai. E eu também nunca enfrentei. Só tive força de falar hoje porque você agiu primeiro, Adam.
Ele apertou o volante, respirou fundo e respondeu:
— E isso não vai mais se repetir, mamãe. O tempo em que ele mandava na vida de todo mundo acabou. Ele vai ter que aprender a respeitar as pessoas. Aliás... eu duvido que ele trate as amantes como trata a senhora. Para elas, ele deve abrir portas, dar presentes, pagar viagens. Mas para a senhora, ele reserva o quê? O papel de serva. De empregada particular. Isso é inadmissível.
Clarence suspirou, fechando os olhos com dor e alívio ao mesmo tempo.
— Sempre foi assim, Ad