O chamado do muezim riscou o amanhecer como seda. Em Rashalah, a luz não nascia: subia das areias. O pátio interno da nova residência — a Casa de Areia e Luz — ainda guardava o frescor da noite quando Isabela abriu as janelas. O cheiro de cardamomo veio da cozinha; longe, camelos ruminavam sem pressa; mais perto, passos conhecidos.
Zayn atravessou o arco de pedra com a camisa aberta no peito e poeira nos cabelos, rindo de algo que Elyas acabara de dizer no portão.
— Bom dia, Sheikha — saudou, encostando a boca na testa dela. — Seu pai acaba de me ensinar três maneiras de atravessar uma duna com vento cruzado… e duas de não morrer tentando.
Elyas parou a dois passos, o olhar dividido entre orgulho e ternura.
— Ele aprende rápido, habibti. Mas ainda precisa comer mais tâmaras antes de me acompanhar até o wadi.
Isabela sorriu e abraçou o pai. O abraço ainda tinha um espanto doce, como se ambos testassem, todo dia, a realidade daquele encontro.
— Hoje a gente inaugura o primeiro bloco da