Capítulo 230 — O dia em que o vento aprendeu seus nomes
O sol de Rashalah subiu suave, como quem não queria acordar a cidade antes da hora. O porto cheirava a sal limpo, gelo recente e pão assando nas casas que voltaram a ter forno. Na varanda mais alta do Palácio do Porto, Isabela amarrou os cabelos num lenço claro e passou os olhos pela praça. Crianças corriam com cadernos novos; homens consertavam redes; mulheres montavam as barracas do mercado. Ali embaixo, a vida tinha, finalmente, o som de vida.
— Pronta? — perguntou Zayn, encostando o ombro no dela. Túnica simples, mangas dobradas, a pulseira de corda do pescador ainda no pulso.
— Para a parte fácil, sim — disse Isabela, sorrindo. — A difícil… é manter assim todos os dias.
— A difícil a gente faz junto — respondeu ele. — Como ontem. Como amanhã.
Hanin apareceu na porta com sua prancheta e sua calma de ferro.
— Agenda da manhã, Sheikha: inauguração da escola, leitura pública da “Carta da Areia” e… — ela baixou a voz, cúmplice —