Do outro lado do oceano, João também enfrentava noites insones.
O apartamento estava silencioso, exceto pelo tilintar dos cubos de gelo em seu copo. Whisky, sempre. Era o que o fazia não pensar — ou pelo menos fingir que não pensava.
Mas naquela noite, ele pensava.
Alicia. O nome que ecoava todas as noites em seus pensamentos.
Havia se questionado muitas vezes: era amor ou obsessão?
Revivia o toque dela, o olhar perdido e ao mesmo tempo cheio de intensidade. A sensação de proibido que queimava em sua pele.
Mas também se lembrava do filho. Roberto. Do abraço que eles compartilharam ao saber da viagem. Das noites em que ouviu da boca do próprio garoto: “Pai, acho que encontrei a mulher da minha vida.”
E agora… não havia mulher. Não havia amor. Só ausência.
João havia se jogado no trabalho. Voltara ao comando da empresa com uma energia que não vinha da motivação, mas da dor. Trabalhar era a única forma de não pensar. Mas o vazio era tão imenso que nem o sucesso conseguia preenchê